domingo, 6 de março de 2011

O caderno


 Vinícius foi o primeiro que existiu dentro de mim, e por quê não falar abertamente "o primeiro amor", não é? E como eu gostaria que ele soubesse o quanto ele era absoluto. Na verdade sabia sim, mas não fazia alarde.
Como eu não podia gritar aos quatro cantos o quanto gostava dele, de um jeito sutil eu falei. Fiz um caderno com músicas e poesias que fossem capazes de traduzir o que eu sentia. Eu escrevia durante a madrugada, enquanto o sono insistia em não vir.
"E é a você que dedico a minha insônia. E se não gostou deste caderno, comece então a visitar os meus sonhos, pois é na falta deles que isto está sendo construído.[...] Queria que estes conteúdos fizessem alguma diferença pra você ou que pelo menos comunicassem coisas boas ao seu coração. [...] Leia sempre com o coração aberto, pois tenha toda certeza do mundo que foi assim que ele foi escrito." (20/09/2004)
(Trechos da dedicatória que eu fiz na primeira página).

Eu falava o tempo inteiro que não, mas verdade seja dita e hoje eu posso assumir isso: o caderno era uma declaração de amor.
Eu o dividia em fases. Escrevia algumas coisas e deixava um espaço pra ele responder contando o que tinha achado e depois pegava o caderno de volta e escrevia mais. Isso sempre na expectativa.
Pra minha tristeza, ele NUNCA respondeu. Deixei... escrevi um desabafo que nem sei se surtiu efeito.
Peguei de volta e guardei comigo. O meu medo sempre foi que alguém que ele pudesse se envolver o pedisse para desfazer dele. E até hoje eu não sei o que ele achou do caderno... A última frase, no entanto, era "Ainda sobraram 40 folhas. A vida e o tempo se encarregarão de preenchê-las"
Coisas dos meus 15 anos.

Vinícius,
"Ainda lembro que eu estava lendo
Só pra saber o que você achou
Dos versos que eu fiz e ainda espero resposta
[...]
Nesse caderno sei que ainda estão
Os versos meus
Tão seus que peço
Nos versos seus,
Tão meus,
Que esperem que os aceite.
Em paz
Eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais,
Eu fico onde estou
Prefiro continuar distante."

( Nando Reis )


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