sábado, 8 de outubro de 2011

E o primeiro pedaço vai para...


Eu adoro comemorar aniversário! Se pudesse, todos os anos, eu faria uma grande festa convidando todos aqueles que fazem parte da minha vida. Os meus pais, ao longos desses quase 23 anos de minha "gloriosa" existência ( diga-se de passagem), sempre que puderam não deixaram esta data passar em branco. Recordo-me de muitas festinhas minhas e, acredite, mesmo aquelas em  que eu ainda era muito pequena, por exemplo na que eu estava fazendo apenas dois anos.

O tempo foi passando, mais aniversários chegando. Algumas coisas durante essas festas se tornam regras e chegam a nos causar constrangimentos, como  o tal   refrão " Com quem será que ................. vai casar?" Principalmente se o menino que faz o seu coração bater está presente. O nome dele é introduzido, como já aconteceu com o nome do Vinícius em  algumas das minhas festinhas: "É com o Vinícius que a Clarisse vai casar!" Quatro vezes foi assim: Aos 14,15,16 e 17 anos.
Mas coisa pior já aconteceu. E como é trágico se sentir mal no dia que é só seu. E de novo foi por causa de uma regra na comemoração.

Brincando, brincando e ao mesmo tempo dizendo verdade, acho que esta oferta não cabe a mim fazê-la porque não costumo ser bem sucedida. E a minha intenção, como a de todo aniversariante, é sempre de agradar quem a recebe. Simbolicamente representa um aspecto de afeto e uma certa preferência. Estou falando do maldito Primeiro pedaço de bolo!

Quando eu estava completando 16 anos, na comemoraçãozinha que a minha mãe fez para mim estavam presentes os meus maiores amigos da época. Ao cantarmos o parabéns, a primeira regra constrangedora apareceu: "Com quem será?"  O noivo escolhido: Vinicius, aquele por quem eu era apaixonada. Apesar de as coisas terem mudado hoje em dia e ele acabou se tornando o meu irmão. Mas esta é outra história.

 Hora de partir o bolo. O momento crucial e também aquele que me fez sentir envergonhada por um tempo: E o primeiro pedaço vai para... eu, na minha simplicidade disse: Pro Vini. Pra minha vergonha ele disse: "Não quero. Dá pra sua mãe."
Mesmo com um choro engatado, consegui repetir: mas eu estou te dando. Toma. "Não... Dá pra sua mãe."
Tomando as minhas dores, os meus amigos que de certa forma ficaram indignados com a cena por conhecerem a mim e a ele, o repreenderam até que ele pegasse. Mas pra mim, a graça já tinha acabado. Também pudera, foi na frente de todo mundo. Era só um pedaço de bolo, mesmo que fosse o primeiro pedaço. Achei que ele não poderia ter feito assim. 
Passei o dia seguinte chorando a cada lembrança da vergonha que me vinha à memória, e pensando que eu deveria ter entregue o bolo no estilo torta na cara do extinto Passa ou Repassa do Sbt.

Seis anos se passaram, e eu estava fazendo 22 anos. Este foi um dos meus melhores aniversários, o que não impediu pra que eu revivesse a experiência.
O refrãozinho já não constrangia mais porque o "noivo"  agora era uma realidade.
Ao meu lado o Vinícius e os meus pais e, à minha frente, os mesmos amigos de outrora. Mas ao término dos parabéns, do com quem será,  a frase que nunca se cala. Eu disse que seria para mim mesma e que eles, os convidados, que disputassem o restante do bolo, mas logo  me retifiquei e disse que era brincadeira. Antes fosse.  "E o primeiro pedaço vai para"... Perguntaram-me. Eu disse com a mesma simplicidade  e o desejo de agradar também, porém não esperava a resposta: "Não... não quero não!" É... Aconteceu de novo, mas nem foi o Vinícius.

Sem querer acreditar no que eu acabava de ouvir, olhei pro Vini e, certamente, todos voltaram no tempo.
A minha mãe sabendo o que isso poderia causar dentro de mim outra vez, levantou a voz em minha defesa. Mãe é fogo!
Ah, mas o choro foi inevitável. A mesma vergonha  se instalou em mim, mas era diferente. A raiva não era de quem o causou desta última vez, mas digo que ter revivido essa recusa novamente não foi fácil. Entreguei o bolo pro Vinicius mesmo, primeira pessoa que vi na hora. Acho que até pra não jogá-lo no chão. Desta vez ele não recusou, pois sabia da repercussão passada.

Sobre o autor do não ao bolo no último aniversário, a mim não cabe julgamento. Ele se  desculpou e disse que não sabia do que já tinha acontecido comigo. Sem problemas. Outras festinhas de aniversários virão e o primeiro pedaço do bolo? A gente deixa pra lá...


10 comentários:

  1. "Não quero! Dá pra sua mãe."
    Mesmo com um choro engatado, consegui repetir: Mas é eu estou te dando... Toma.
    "Não... Dá pra sua mãe."

    Vini 2 x Clarisse 0

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  2. Cléo muito bom seu blog ... adorei!!

    Tati

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  3. Eu enfiava bem no meio da cara dele, e dizia, "eu não que é teu porra!". kkkkkkkkk

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  4. Vou te ensinar: O primeiro pedaço do bolo vai para a gente mesmo. Porque a gente fica o dia todo namorando o bolo e vai dar o pedaço pra outro. Mas é neeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem, rss...

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  5. Tipo...
    Ela recusou o primeiro pedaço do bolo dela mesma...
    kkkkkk

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  6. Não me achava digno para recebe-lo, tendo ao lado pai e mãe,
    Porém hoje aceitaria/aceito com tudo orgulho que puder.
    DESCULPE-ME
    E do jeito q vc pôs parece pior q imaginava.

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  7. se me oferecece eu aceitava !

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  8. Ehhhh Vinícius! Vc foi sacana hein!!! Lembro-me muito bem do primeiro episódio! kkkkk

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  9. Imagino a Clarisse aos prantos depois da festinha...
    Deitada, com a cara enfiada no travesseiro...
    haha

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  10. Ohhh amiga, até doeu meu coração ao ler =( deu uma dozinha docê!!! rsrs
    e aprenda... o primeiro pedaço é da nossa mãe... pois só temos uma!!! rs
    Beijoooo

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