domingo, 19 de maio de 2013

Na mesma sintonia



Hoje, domingo - o dia que a vida escolheu para ser nosso - acordamos na mesma sintonia.  A minha santa espera semanal amanheceu comigo.  O seu coração tinha um motivo mais forte para bater. O meu tinha dois.
O momento mais esperado do dia: 16:00hs. Segundo as nossas narrativas profanas, estaríamos lado a lado,     contemplando o azul superando o preto e branco, mas a minha vidência falhou duas vezes. O primeiro erro dela foi sobre quantas vezes a rede balançaria. O segundo, mais importante e mais doloroso, foi sobre a sua presença. 

A possibilidade de surpresa contida em minha espera é uma realidade. A saudade que não passa é uma forma de te ter por perto e manter o meu coração ativo. Gostaria de não precisar desse recurso. 
Por onde você anda agora? Eu estou em minha casa, imaginando que você estaria na sua ou em nosso casarão da Pampulha. Lá, desde cedo, as muitas vozes que formam um coro de incentivo ecoam. Aqui, três violões ao som de Raul Seixas com a canção que tem seu nome me torturam.  Eu reluto dia após dia para não tornar verdadeiro o refrão dela: "mas tudo acaba onde começou".

As horas demoram a passar, mas passam. Vai chegando o momento da partida. Somente a companhia de quem sempre segura o meu coração tem o poder de me sustentar. Minha amiga e suas verdades absolutas.  Ela sabe diminuir distâncias mesmo desconhecendo o percurso que você e eu fazíamos. 
Já são 16:00hs e tenho certeza  de que estamos na mesma sintonia. Ainda que não estejamos juntos, nossos olhos contemplam a mesma imagem. Do nosso interior sai o mesmo som que impulsiona uma equipe. É tudo azul! 

As penalidades máximas nos devolveram a esperança. Exatamente nesta hora, eu teria dado a vida para ver o seu rosto que, certamente, seria uma alusão perfeita àquele seu estado de plenitude e satisfação. 
Eu me lembrava de você a cada lance. No gramado cinco guerreiros se destacavam. Era como se cada um deles segurasse uma estrela: Diego Souza, Borges, Caveirão (o que não teve crédito com você quando chegou), Dagoberto e Fábio, formando o Cruzeiro do sul.

Olho para o céu e vejo a constelação homônima à do nosso manto. Lembro-me de você e faço uma prece para que você volte. Esta noite eu preciso superar uma partida perdida, mas, sobretudo, preciso superar a sua partida. O que eu faço com a saudade que sinto? Quando ela já não cabe mais em mim, deixo-a escorrer pelos olhos e cair sobre o papel, transformando-as em palavras que sejam capazes de reproduzir o transtorno que é a sua ausência e que se dá porque não estamos na mesma sintonia. É por isso que escrevi agora, e eu te escrevo porque a palavra é o que nos une.

Dagoberto e seus gols que me fizeram chorar hoje
  

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