sábado, 15 de novembro de 2014

O primeiro quarteto


Quando a minha menina chegar, ela se chamará como aquela que tem como o sobrenome Meireles. Lá em casa todo mundo será feito de palavra, em verso: Pedro (Bandeira) e Cecilia (Meireles) vindos de Clarisse (Lispector) e de algum desses Vinícius, Mários, Oswalds, Paulos ou Drummonds que a vida quiser - se é que vai querer - me dar. 

Eu sou uma palavra que busca outra. O nosso encontro será uma rima. Nós e os frutos dessa rima seremos uma família, mas eu prefiro chamar de estrofe, porque estrofe nada mais é que a soma de palavras que se sintonizaram em versos ditando o ritmo, a métrica. Cada um de nós é verso e, juntos, vamos ser, quem sabe, o primeiro quarteto do Soneto de Fidelidade* que é, para mim, a expressão da perfeição de uma estrofe. 

Duas palavras. Uma rima, a sintonia. Amor em poesia. Primeiro um verso, depois outro, depois outro e mais um último. Com as mãos unidas, surgirá um quarteto. Começará em mim, um ser atento, procurando aquele que eu quero tanto. Desejo e amor darão vida a quem tem nome cheio de encanto, irmão daquela que, hoje, deu início a essa desordem, verbalização do meu pensamento.

Primeira estrofe do Soneto de Fidelidade, de Vinícius de Moraes. Manuscrito: Clarisse Reis

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